ENTREVISTA 3 JULHO DE 2017


MARCOS MARROM- Estamos com a Guadalupe  Castro e Silva para mais uma entrevista.  Que pena que você parou com os bonecos, mas vamos bater um papo descontraído para  quem sabe  inspirar novos atores e atrizes de Goiás.  Fale para os nossos leitores, quem é você?

GUADALUPE  CASTRO- Bom eu sou filha de costureira. Desde  de pequenininha  fui a única das filhas, entre três mulheres, que trabalhavam  na maquina de costura.  Fazia bonecas de tecidos, gostava de costurar. Até quando eu fui convidada pra fazer um trabalho no hospital do câncer, um trabalho voluntario no hospital Araújo Jorge. Ali eu criei alguns bonecos e gostei muito. Foi aí que aproximei da contação de historia.  Era uma forma de aproximação com as crianças, e isso foi muito bacana, então a partir desse boneco de tecido que eu colocava na minha mão, que aí eu criei vários outros, aperfeiçoando e imaginando historias que eu poderia fazer. Foi neste espaço que deu principio de tudo.

MARCOS MARROM - Principio de tudo...

GUADALUPE  CASTRO – o inicio se deu com a formação de um grupo que se chamava   “Titiriteiros”, foi em  1989.  Éramos quatro: Edson, Lívia, Débora e eu.  O Edson era a única pessoa ligada ao teatro. E nos só aventureiros. A gente formou esse grupo, fizemos algumas peças e uma delas se chamava  “Dona Água pede socorro”. O grupo  não durou muito tempo, a gente tentou mas só ficou com este espetáculo. Que pena!

MARCOS MARROM – Vocês pararam? É isso...

GUADALUPE DE CASTRO – foi triste, porque não tivemos iniciativa para mais espetáculos e  cada um foram fazer outra coisas, e a gente não teve como ficar juntos, então não foi pra frente.

MARCOS MARROM – e aí...

GUADALUPE  CASTRO – e aí a gente fez  um outro formato de grupo eu sempre estava no meio né, mas  foi com a Poliana Queiroz e a Nilsea Maioli, que construímos um projeto chamado Canta Conto” foi aí que a gente estreou um outro espetáculo.


MARCOS MARROM - Que época?

GUADALUPE  CASTRO - Em 94

MARCOS MARROM – então agora vocês tinha uma outra formação e outro nome...   “Grupo Canta Conto”.

GUADALUPE CASTRO - Sim. Mas olha Marrom, depois de estrear  na feira do Cerrado,  descobrimos  na internet  que  esse nome de grupo já tinha, lá na cidade de São Paulo. Foi aí que resolvemos mudar de nome.  Com a vontade enorme  de continuar com o trabalho, “Legal é ser legal” a primeira peça da nova formação.  Voltamos a buscar um nome para o grupo, mas o que buscávamos tinha sempre uma referencia de nomes nada originais.  Foi aí que numa mesa de bar que a gente acabou associando, Trupe com Guadalupe, achamos que deu uma sonoridade bacana, então ficou Trupe da Guadalupe  teatros de bonecos, e  melhor , eu associei “fantoches e companhia” era o  formato que na época eu pesquisava. Então nessa época a gente colocou “fantoches”  justamente por conta disso que prepondera inicialmente os meus trabalhos junto com a  execução.

MARCOS MARROM – Foi uma luta em Guadalupe?

GUADALUPE CASTROe como foi.

MARCOS MARROM - E quantos espetáculos você montou com a Trupe da Guadalupe, conte um pouco sobre estes trabalhos?

GUADALUPE  CASTRO - Foram três. “Super legal”  “Ora bolas” e “Meio Ambiente” o espetáculo Super legal  nos fizemos muitas apresentações, pelo projeto do  ‘Ceduca”  apresentando em  vários CMEIS do município.  O espetáculo Ora Bolas, também a gente foi presenteado  pela  lei de incentivos a Cultura e fizemos varias apresentações, então ao todo a gente deve ter feito em torno de cinquenta Escolas do Município de Goiânia. Que foi muito bom e produtivo para nós.
MARCOS MARROM – fiquei curioso de saber e ver os bonecos dos outros trabalhos, se não me engano. Só assistir um espetáculo,  Oras Bolas.

GUADALUPE CASTROentão Marrom vou falar um pouco de cada trabalho. Como eu sou educadora, o trabalho que a gente tentou fazer, foi  muito ligado a escola, a gente pensou muito em associar os bonecos, com o  conteúdo que a escola trabalhasse. De forma lúdica encantadora e uma forma muito bacana para entreter os alunos.  A gente trabalhou no espetáculo “Super Legal” temas ligados aos valores  humanos.  No espetáculo “Oras Bolas”  foi o Folclore brasileiro, bem eclético com materiais variados e técnicas mistas.  O espetáculo Meio Ambiente foi feito com o intuito de trabalhar realmente a questão do meio ambiente a valorização. Inclusive esses bonecos era todo feito de material  de sucatas. Foi uma proposta  que   Adriane tomou a frente e fez a maioria dos bonecos. Com o foco da sucata.

MARCOS MARROM – Você lembra as datas que foram feitos os espetáculos?

GUADALUPE  CASTRO – Se não me engano,   acredito que em 2004 a gente estreou o “Super Legal” “Ora Bolas” em 2006, 2007 a gente fez o espetáculo  “Meio Ambiente”

MARCOS MARROM - E quantas pessoas passou pelo grupo?

GUADALUPE  CASTRO – Bastante, a gente falava que a Trupe da Guadalupe estava aberto para qualquer pessoa. Vinha alguém que estava desempregado, sem ter o que fazer, ia pro grupo, trabalhava, trabalhava até que ao arrumar um outro tipo de serviço mais remunerado, saia. Então assim foram varias pessoas com essa toada. Mas passaram muitas  pessoas que ficaram na memoria do grupo: Poliana, Mariana,  Diógenes,  Cristiane, Adriana, Adriane, Monica , Poli, Cleiton, e na ultima formação: foi Eu, Cleiton de Oliveira e Sergio Bastos que hoje está morando no Rio de Janeiro.

MARCOS MARROM - Que bom te escutar e poder registrar a sua experiência.  A Revista Maleiro  vem com este objetivo Guadalupe. Tentar entender os grupos de Goiânia ou pessoas independentes sobre este processo que estamos construindo na cidade.  Porque aqui como você já sabe, são poucas pessoas que  ainda vem  aventurar a fazer teatro de formas animadas. Você é uma mulher batalhadora da arte. Mas fico triste de saber que já  não trabalha mais com bonecos,  e vem a pergunta, quais conflitos que chegou a você terminar essa caminhada. 

GUADALUPE  CASTRO - Eu acho que o grande desafio, é a formação de grupo.  Então eu admiro quem pega o boneco e faz o espetáculo sozinho.  Eu, não consigo. Então eu acho que é a formação de grupo pra mim é o grande desafio,  até porque, a gente precisa ganhar dinheiro pra manter. Mas se eu pudesse fazer um grupo que topasse de forma aventureira eu também continuaria trabalhando com o teatro de bonecos, independente do retorno financeiro. Mas a grande dificuldade pra mim é justamente a formação de grupo. Hoje não tenho nem um boneco em casa, dei para as pessoas, e até para você né Marrom...
MARCOS MARROM – Sim e guardo até hoje.

GUADALUPE CASTRO – Que bom. Quem sabe se  um dia eu encontro  pessoas interessadas e topo voltar fazer.  Mas é só o futuro que vai dizer né...

MARCOS MARROM – Guadalupe quer deixar uma mensagem para os nossos leitores,  da nossa conversa ou talvez você ainda lembra de alguma apresentação que deixou saudades e quer compartilhar conosco...

GUADALUPE  CASTRO – Marrom foi bom conversar com você e continue com estas  iniciativas. Eu lembro de dois fatos que são interessantes que eu sempre falo. Como sou educadora, na época que estava em sala de aula do município de Goiânia,  comecei a utilizar os  bonecos. Tinha uma criança já com faixa etária maior, não fixava a sua atenção nas aulas e foi com os bonecos que essa pessoa começou a mudar o seu comportamento de aprendizado, e isso foi muito bacana, percebi a força do fantoche, um veiculo muito forte para comunicação. O outro momento foi na feira da Lua, quando eu levava a empanada pequenininha,  e algumas vezes manipulava ali, e as pessoas passado muitas vezes paravam a em frente da barraca, eu cantava, contava historias, tudo com bonecos, e aí um certo dia  uma menina chegou e começou a conversar, então este boneco que eu manipulava começou a dialogar com ela, e o personagem foi  na sua onda...  Depois  ela deu a volta na barraca e eu já havia tirado o boneco da mão, ela olhou pro bonequinho e ... – ele morreu? Essa pergunta eu não esqueço. Fiquei sem resposta na hora, precisei repensa r para responder.
E outro momento que acabei de lembrar foi  na Pestalozzi na  APAE ,uma apresentação muito bacana, muito interativa com as participações do alunos. Foram momentos que não esqueço, estes momentos que  tenho saudades. O teatro de  boneco foi uma realização da minha vida, e foi  muito positivo. Espero que outros tentem fazer, é uma arte deliciosa e de grande aprendizado.



MARCOS MARROM – Que legal  Guadalupe, agradeço pela sua disponibilidade de está conosco. Vamos encontrar breve, até a próxima...  


Ficou curioso entre em contato com Guadalupe: trupe10@gmail.com 

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