MARCOS MARROM- Estamos com a Guadalupe Castro e Silva para mais uma entrevista. Que pena que você parou com os bonecos,
mas vamos bater um papo descontraído para quem
sabe inspirar novos atores e atrizes de
Goiás. Fale para os nossos leitores, quem
é você?
GUADALUPE CASTRO-
Bom eu sou filha de costureira. Desde de
pequenininha fui a única das filhas,
entre três mulheres, que trabalhavam na
maquina de costura. Fazia bonecas de
tecidos, gostava de costurar. Até quando eu fui convidada pra fazer um trabalho
no hospital do câncer, um trabalho voluntario no hospital Araújo Jorge. Ali eu
criei alguns bonecos e gostei muito. Foi aí que aproximei da contação de
historia. Era uma forma de aproximação
com as crianças, e isso foi muito bacana, então a partir desse boneco de tecido
que eu colocava na minha mão, que aí eu criei vários outros, aperfeiçoando e
imaginando historias que eu poderia fazer. Foi neste espaço que deu principio
de tudo.
MARCOS MARROM - Principio
de tudo...
GUADALUPE CASTRO – o inicio
se deu com a formação de um grupo que se chamava “Titiriteiros”,
foi em 1989. Éramos quatro: Edson, Lívia, Débora e eu. O Edson era a única pessoa ligada ao teatro.
E nos só aventureiros. A gente formou esse grupo, fizemos algumas peças e uma
delas se chamava “Dona Água pede socorro”.
O grupo não durou muito tempo, a gente
tentou mas só ficou com este espetáculo. Que pena!
MARCOS MARROM – Vocês
pararam? É isso...
GUADALUPE DE CASTRO – foi
triste, porque não tivemos iniciativa para mais espetáculos e cada um foram fazer outra coisas, e a gente
não teve como ficar juntos, então não foi pra frente.
MARCOS MARROM – e
aí...
GUADALUPE CASTRO – e aí
a gente fez um outro formato de
grupo eu sempre estava no meio né, mas foi
com a Poliana Queiroz e a Nilsea Maioli, que construímos um projeto chamado “Canta
Conto” foi aí que a gente estreou um outro espetáculo.
MARCOS MARROM - Que
época?
GUADALUPE CASTRO -
Em 94
MARCOS MARROM – então
agora vocês tinha uma outra formação e outro nome... “Grupo
Canta Conto”.
GUADALUPE CASTRO - Sim.
Mas olha Marrom, depois de estrear na
feira do Cerrado, descobrimos na internet que esse nome de grupo já tinha, lá na cidade de São
Paulo. Foi aí que resolvemos mudar de nome. Com a vontade enorme de continuar com o trabalho, “Legal é ser legal” a primeira peça da
nova formação. Voltamos a buscar um nome
para o grupo, mas o que buscávamos tinha sempre uma referencia de nomes nada
originais. Foi aí que numa mesa de bar que
a gente acabou associando, Trupe com Guadalupe, achamos que deu uma sonoridade
bacana, então ficou Trupe da Guadalupe
teatros de bonecos, e melhor ,
eu associei “fantoches e companhia”
era o formato que na época eu pesquisava.
Então nessa época a gente colocou “fantoches”
justamente por conta disso que prepondera
inicialmente os meus trabalhos junto com a execução.
MARCOS MARROM – Foi uma
luta em Guadalupe?
GUADALUPE CASTRO- e como foi.
MARCOS MARROM - E
quantos espetáculos você montou com a Trupe da Guadalupe, conte um pouco sobre
estes trabalhos?
GUADALUPE CASTRO - Foram
três. “Super legal” “Ora bolas” e “Meio
Ambiente” o espetáculo Super legal nos
fizemos muitas apresentações, pelo projeto do ‘Ceduca” apresentando em vários CMEIS do município. O espetáculo Ora Bolas, também a gente foi
presenteado pela lei de incentivos a Cultura e fizemos varias
apresentações, então ao todo a gente deve ter feito em torno de cinquenta Escolas
do Município de Goiânia. Que foi muito bom e produtivo para nós.
MARCOS MARROM – fiquei
curioso de saber e ver os bonecos dos outros trabalhos, se não me engano. Só assistir
um espetáculo, Oras Bolas.
GUADALUPE CASTRO–
então Marrom vou falar um pouco de cada trabalho. Como eu sou educadora, o
trabalho que a gente tentou fazer, foi muito ligado a escola, a gente pensou muito em
associar os bonecos, com o conteúdo que
a escola trabalhasse. De forma lúdica encantadora e uma forma muito bacana para
entreter os alunos. A gente trabalhou no
espetáculo “Super Legal” temas ligados aos valores humanos.
No espetáculo “Oras Bolas” foi o Folclore
brasileiro, bem eclético com materiais variados e técnicas mistas. O espetáculo Meio Ambiente foi feito com o
intuito de trabalhar realmente a questão do meio ambiente a valorização. Inclusive
esses bonecos era todo feito de material de sucatas. Foi uma proposta que Adriane tomou a frente e fez a maioria dos
bonecos. Com o foco da sucata.
MARCOS MARROM – Você
lembra as datas que foram feitos os espetáculos?
GUADALUPE CASTRO – Se
não me engano, acredito que em 2004 a gente estreou o “Super
Legal” “Ora Bolas” em 2006, 2007 a gente fez o espetáculo “Meio Ambiente”
MARCOS MARROM - E
quantas pessoas passou pelo grupo?
GUADALUPE CASTRO – Bastante,
a gente falava que a Trupe da Guadalupe estava aberto para qualquer pessoa. Vinha
alguém que estava desempregado, sem ter o que fazer, ia pro grupo, trabalhava,
trabalhava até que ao arrumar um outro tipo de serviço mais remunerado, saia. Então
assim foram varias pessoas com essa toada. Mas passaram muitas pessoas que ficaram na memoria do grupo:
Poliana, Mariana, Diógenes, Cristiane, Adriana, Adriane, Monica , Poli, Cleiton,
e na ultima formação: foi Eu, Cleiton de Oliveira e Sergio Bastos que hoje está
morando no Rio de Janeiro.
MARCOS MARROM - Que
bom te escutar e poder registrar a sua experiência. A Revista Maleiro vem com este objetivo Guadalupe. Tentar
entender os grupos de Goiânia ou pessoas independentes sobre este processo que
estamos construindo na cidade. Porque aqui
como você já sabe, são poucas pessoas que ainda vem aventurar a fazer teatro de formas animadas. Você
é uma mulher batalhadora da arte. Mas fico triste de saber que já não trabalha mais com bonecos, e vem a pergunta, quais conflitos que chegou a
você terminar essa caminhada.
GUADALUPE CASTRO - Eu
acho que o grande desafio, é a formação de grupo. Então eu admiro quem pega o boneco e faz o
espetáculo sozinho. Eu, não consigo. Então
eu acho que é a formação de grupo pra mim é o grande desafio, até porque, a gente precisa ganhar dinheiro
pra manter. Mas se eu pudesse fazer um grupo que topasse de forma aventureira
eu também continuaria trabalhando com o teatro de bonecos, independente do
retorno financeiro. Mas a grande dificuldade pra mim é justamente a formação de
grupo. Hoje não tenho nem um boneco em casa, dei para as pessoas, e até para
você né Marrom...
MARCOS MARROM – Sim
e guardo até hoje.
GUADALUPE CASTRO – Que
bom. Quem sabe se um dia eu encontro
pessoas interessadas e topo voltar
fazer. Mas é só o futuro que vai dizer
né...
MARCOS MARROM – Guadalupe
quer deixar uma mensagem para os nossos leitores, da nossa conversa ou talvez você ainda lembra
de alguma apresentação que deixou saudades e quer compartilhar conosco...
GUADALUPE CASTRO – Marrom
foi bom conversar com você e continue com estas iniciativas. Eu lembro de dois fatos que
são interessantes que eu sempre falo. Como sou educadora, na época que estava
em sala de aula do município de Goiânia, comecei a utilizar os bonecos. Tinha uma criança já com faixa etária
maior, não fixava a sua atenção nas aulas e foi com os bonecos que essa pessoa
começou a mudar o seu comportamento de aprendizado, e isso foi muito bacana,
percebi a força do fantoche, um veiculo muito forte para comunicação. O outro
momento foi na feira da Lua, quando eu levava a empanada pequenininha, e algumas vezes manipulava ali, e as pessoas
passado muitas vezes paravam a em frente da barraca, eu cantava, contava
historias, tudo com bonecos, e aí um certo dia uma menina chegou e começou a conversar, então
este boneco que eu manipulava começou a dialogar com ela, e o personagem foi na sua onda... Depois ela deu a volta na barraca e eu já havia
tirado o boneco da mão, ela olhou pro bonequinho e ... – ele morreu? Essa pergunta
eu não esqueço. Fiquei sem resposta na hora, precisei repensa r para responder.
E outro momento que acabei de lembrar foi na Pestalozzi na APAE ,uma apresentação muito bacana, muito
interativa com as participações do alunos. Foram momentos que não esqueço, estes
momentos que tenho saudades. O teatro de
boneco foi uma realização da minha vida,
e foi muito positivo. Espero que outros
tentem fazer, é uma arte deliciosa e de grande aprendizado.
MARCOS MARROM – Que
legal Guadalupe, agradeço pela sua disponibilidade
de está conosco. Vamos encontrar breve, até a próxima...
Ficou curioso entre em contato com Guadalupe: trupe10@gmail.com
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