Marcos Marrom, ator/diretor e bonequeiro
Entrevista o professor/ design e bonequeiro Marcos Amaral Lotufo
MARROM - Olá, tudo bem?! Vamos começar a nossa
conversa... Me
fale destes bonecos, que você participou das construções, Muitos foram construídos
aqui na oficina Cultural Geppetto ...
MARCOS
LOTUFO - Sim... Vou falar de alguns... Estes
são o Zito e Afonsina de uma peça que o ator
Bombinha e Adriana Veloso tentou
trabalhar em um espetáculo.
Esse outro é um monstro que foi feito para o espetáculo Q.Q.ISS!? “aventuras de Pendu e Cami do outro lado da Lua e do Arco Íris” do Grupo Sonhus Teatro Ritual, que não tem uma caracterização especifica.
E
muitos outros que foram feitos aqui...com particularidades diferentes.
MARCOS
MARROM- bom...
Vejo que são bonecos complexos, como esses dois da primeira foto. Ventríloquos!
Uma técnica pouco explorada aqui na cidade, como você lida com a construção...
O que é bacana de cada construção dessas, é o descobrimento,
pegando coisas de um, pegando experiência das outras.
Para estruturar esse boneco da foto (2)maior... Eu usei latão de lixo e
uma bola atrás da cabeça, essa bolas infláveis de borrachas de plásticos,
parecido as bolas de pilates... Assim papietei e moldei, que você pode ver...
MARCOS
MARROM- E antes de fazer
um boneco, que caminho você percorre para começar o seu trabalho?
Quando a
gente vai fazer um boneco, tem que saber primeiro da personalidade dele,
como é que o escritor ou o autor que fez
a dramaturgia o que ele está imaginando... Porque a cada personagem tem uma personalidade,
tem uma historia de vida, e como isso vai ser reproduzido, como ele vai
caminhar ter uma postura e tudo isso...
E nesse caso toda via temos trabalhado de forma coletiva,
e quase sempre, nesse caso a Isabela que é bonequeira também, ela já tinha
discutido com o grupo e desenhado o rosto, e como poderia ser o rosto do personagem Lopes, (Lopes é carteiro que busca Maria. espetáculo Envelopes da Cia. de teatro Nu
Escuro 2005)
Estudei o desenho da Isabela, e fui fazer o molde em argila, assim fomos discutindo, com
um ou com outro, o que acha? Se ta bom?!
se não tá!? Assim salientamos o que precisamos... Até chegar no produto final.
A partir dele, nós
fizemos papel sobre papel, depois
de um dia já estava seco, pronto para pintar e por ventura manipular...
MM-
Trabalhar com as mãos, foi quando você conheceu o teatro de bonecos?
Eu sempre gostei trabalhar manualmente com as mãos, fazer coisas, meu pai já fazia, trabalhava com massa e tal... Eu até cheguei trabalhar com cerâmica, e na
escultura cheguei a fazer algumas coisas. “Rosa”
era uma senhora que dava aula de cerâmica,
em São Paulo, eu fiz um tempo. Também trabalhei com artista plástico de São
Paulo que se chamava Caetano Franccaroli[i] amigo do meu pai, um artista renomado, um sujeito assim italiano,
ele tinha um ateliê no Parque Ibirapuera, quando jovem, cheguei a frequentar bastante
lá...Não lembro a quanto tempo, não foi
muito tempo, sabe? Eu sempre gostei mexer com isso, na época de faculdade. Na
minha formação eu também trabalhei com argila, mas na direção da cerâmica utilitária.
Marcos Marrom – interrompendo a linha
de raciocínio. Agora que lembrei... Não perguntei o seu nome, antes de continuar, diz para os
nossos leitores, quem é esse homem de
barba grande?
Então! Meu nome Marcos Amaral Lotufo. Nasci em São Paulo,
fui para Alemanha com 20 anos, voltei para o Brasil com 26 e fui para Porto
Nacional-TO, já casado com a Edith, e nessa época já com o nosso filho Davi, nós
moramos em porto nacional 10 anos .
Aprendi muita coisa,
entre elas, admirar a cultura popular, riquezas reconhecer cultura popular e
perceber que é uma grande importância vital pra construção da
cidadania, que tem sido uma preocupação
de alguns anos ...
Então depois de 10 anos em porto Nacional, em 1986 nós
viemos para Goiânia, com a intenção de trabalhar na área da comunicação, e vendo a comunicação
como uma coisa ampla, a arte exclusiva dentro deste aspecto da forma de comunicar, como cultura
popular, artesanato ,tudo isso, repetindo como forma de comunicação, forma importantíssima
de grupo... concorda...
MARCOS
MARROM- A maioria dos bonequeiros brasileiros, são autodidata, o aprendizado é
feito com o outro, parece que você é formado, se não me engano?
Sim.. Sou formado no design de produtos e design de comunicação. Acho que as duas contribuíram
muito pra ...Estimular o que eu faço hoje, no design de produto a gente acaba
discutindo mais a questão dos matérias. Trabalhei com gesso, trabalhei com
argila, fazendo molde para produtos, trazendo fôrmas, então aprendi um pouco da
técnica, forma de gesso, mecanismo, noção de física de mecânica, e essa coisas
toda acho que contribuiu muito.
E o design de comunicação é o que fala muito hoje no universo ...
Hoje todo processo de trabalho varia. Então, qual é a finidade do boneco? O que você
pretende fazer com ele?
Mas nesse aqui em especial (bonecos
do espetáculo plural feito de crochê) são umas experiência que estamos fazendo para um
trabalho do grupo de
Teatro
Nu Escuro-GO, e
ainda
nós não chegamos em uma definição de que tipos de bonecos
que vão ser, estamos fazendo uma serie de experimento, para
chegar no produto final.
Uma coisa certa, eles deve ter uma pele de crochê de tricô,
por isso deve ter uma base que sustente. Então a ideia é que eles tenha um
movimento de boca, movimentos dos olhos, mas estou experimentando, que possa ser manipulado através de um
pegador, é tudo isso, estou seguindo um
pouco o processo que foi trazido aqui, por um artista lá do Sul que se chama Paulo
Nazareno, agora estou adaptando as funções.
Primeiro fui fazer a escultura na argila, até chegar a um
processo que neste caso, é uma senhora
de idade, que viveu na roça.
Transformar em boneco, primeiro eu fiz o molde em gesso. O
molde em Gesso que até poderia ser
papietado por cima da argila, frequentemente faz isso na mascara, quando não exige o detalhe. Quando a gente
quer que o detalhe apareça melhor, então a gente faz o molde de gesso e papieta
no gesso, e daí as linhas externas vão ficar bem lineadas, foi nesta segunda
opção que trabalhamos.
A outra experiência é
trabalhar com tecidos e com fixador, trabalhamos o tecido na fôrma, então estas
experiência trabalhadas eu vejo muito ligado a minha formação... Mas
principalmente na comunicação.
Dentro da comunicação a gente tem uma serie infinita de
linguagens, dentro da linguagem visual, a gente tem uma porção de possibilidade
de colocar, é no caso do material impresso, por exemplo; a gente trabalha no
plano, a gente explora muito contraste de cor, contraste do plano a disposição etc .
M.M- poxa ...
É... Eu acho interessante quando a gente passa isso para o
tridimensional, a gente tem uma
influência por exemplo maior da sombra, das luzes das cores, a luz interfere muito
nas cores... Dependendo um tipo de iluminação, a gente tem uma
leitura da cor e das sombras.
E no teatro de bonecos a gente tem esta possibilidade de
explorar as luzes e as sombras, mudando as características através
da aplicação da cor.
Exemplo quando não se trabalha com luz direta, outro exemplo o espetáculo na rua e
sem condição de iluminação, a gente tem que explorar a questão da postura das aplicações das cores do próprio boneco.
Acho muito bacana, essas coisas das luzes e das sombras...
Então eu acho que... De toda a
minha experiência, da minha formação
profissional, do exercício da profissão, eu acho que tá muito interligado, eu
procuro sempre falar muito aos meus alunos, a gente tem que fazer... Tem que
fazer mesmo! Quando eu trabalho na área gráfica,
com bidimensional frequentemente eu faço o modelo antes, fotografo e depois transformo, é gostar de fazer, só isso... É fazer.. Experimentar, e tirando
sempre aprendizado dos erros, dos
acertos, a outra coisa é o trabalho coletivo, essa coisa eu acompanhei na
oficina do Nazareno, a Isabela fez oficina, trouxe experiências novas, o Marcos Marrom também com
a experiência com o curso que ele fez na Argentina, e com estas vivências que vamos armando, trazendo
bagagem.
MARCOS MARROM- Marcão, essa é uma aula...
Aqui em Goiânia parece que temos muitas dificuldades de trabalhar com teatro de bonecos, não é? ou é a minha
impressão ...
Olha! A dificuldade é a falta de experiência, acho que a
gente tem que fazer,fazer, fazer porque as coisas estão aí, cada boneco ele
apresenta uma dificuldade, e tudo é um grau de dificuldade própria do boneco, o que a gente colocar no boneco, o público possa identificar fácil
.O boneco é um personagem, não é gente,
ao nascer ele já existe ...
Não sou manipulador, mais tenho vontade de ser, a gente
sempre imagina os gestos, a função do boneco, fico curioso muito pelas dificuldades, e
como isso vai funcionar em cena, principalmente os movimentos. Mas
quem sabe, eu manipulo um dia, por enquanto vou estudando para construir.
MARCOS MARROM-
Agradeço Lotufo pela paciência, espero que possamos ver breve e tenha boas construções...
LOTUFO- Agradeço, e até a próxima MARRÃO!
para mais informação https://www.facebook.com/malotufo?fref=ts
[i] Grande
escultor paulista no link abaixo , pode conhecer mais sobre os seus trabalhos
https://books.google.com.br/books?id=QX-C8WlvzpsC&pg=PA255&lpg=PA255&dq=Caetano+Fraccaroli+artista&source=bl&ots=w3YcMXGUot&sig=u7hVKWULmeSf7LcG3vgdTIM2vE8&hl=pt-BR&sa=X&ved=0ahUKEwi3loHxy5LSAhWBH5AKHd1zA0MQ6AEISTAL#v=onepage&q=Caetano%20Fraccaroli%20artista&f=false
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