ENTREVISTA 02 FEVEREIRO 2017


Marcos Marrom, ator/diretor e bonequeiro  
Entrevista  o professor/ design e bonequeiro Marcos Amaral Lotufo

MARROM - Olá, tudo bem?! Vamos começar a nossa conversa... Me fale destes bonecos, que você participou das construções, Muitos foram construídos aqui na oficina Cultural Geppetto ...

MARCOS LOTUFO  -  Sim... Vou falar de alguns... Estes são o Zito e Afonsina de uma peça que o ator  Bombinha  e Adriana Veloso tentou trabalhar em um espetáculo.

Esse outro é um monstro que foi feito para o espetáculo Q.Q.ISS!? “aventuras de Pendu e Cami do outro lado da Lua e do Arco Íris” do Grupo Sonhus Teatro Ritual,  que não tem uma caracterização especifica.
E muitos outros que foram feitos aqui...com particularidades diferentes.


MARCOS MARROM- bom... Vejo que são bonecos complexos, como esses dois da primeira foto. Ventríloquos! Uma técnica pouco explorada aqui na cidade, como você lida com a construção...

O que é bacana de cada construção dessas, é o descobrimento, pegando coisas de um, pegando experiência das outras.
Para  estruturar  esse boneco da foto (2)maior... Eu usei latão de lixo e uma bola atrás da cabeça, essa bolas infláveis de borrachas de plásticos, parecido as bolas de pilates... Assim papietei e moldei,  que você pode ver...

MARCOS MARROM- E antes de fazer um boneco, que caminho você percorre para começar o seu trabalho?

Quando a gente vai fazer um boneco, tem que saber primeiro da personalidade dele, como é que o escritor ou o  autor que fez a dramaturgia o que ele está imaginando... Porque a cada personagem tem uma personalidade, tem uma historia de vida, e como isso vai ser reproduzido, como ele vai caminhar  ter uma  postura e tudo isso...  
E nesse caso toda via temos trabalhado de forma coletiva, e quase sempre, nesse caso a Isabela que é bonequeira também, ela já tinha discutido com o grupo e desenhado o rosto, e como poderia ser  o rosto do personagem Lopes, (Lopes é  carteiro que busca Maria. espetáculo Envelopes da Cia. de teatro Nu Escuro 2005)
Estudei o  desenho da Isabela, e fui fazer  o molde em argila, assim fomos discutindo, com um ou  com outro, o que acha? Se ta bom?! se não tá!? Assim salientamos  o que precisamos... Até chegar no produto final.
 A partir dele, nós fizemos  papel sobre papel,   depois de um dia já estava  seco,  pronto para  pintar e por ventura manipular...  

MM- Trabalhar com as mãos, foi quando você conheceu o teatro de bonecos?

Eu sempre gostei trabalhar manualmente com as mãos, fazer coisas, meu pai já fazia, trabalhava com massa e tal...  Eu até cheguei trabalhar com cerâmica, e na escultura cheguei a fazer algumas coisas.  “Rosa” era uma senhora  que dava aula de cerâmica, em São Paulo, eu fiz um tempo. Também trabalhei com artista plástico de São Paulo que se chamava Caetano Franccaroli[i] amigo do meu pai, um artista renomado, um sujeito assim italiano, ele tinha um ateliê no Parque Ibirapuera, quando jovem, cheguei a frequentar bastante lá...Não  lembro a quanto tempo, não foi muito tempo, sabe? Eu sempre gostei mexer com isso, na época de faculdade. Na minha formação eu também trabalhei com argila, mas na direção da cerâmica utilitária.

Marcos Marrom – interrompendo a linha de raciocínio. Agora que lembrei... Não perguntei  o seu nome, antes de continuar, diz para os nossos leitores,  quem é esse homem de barba grande?

Então! Meu nome Marcos Amaral Lotufo. Nasci em São Paulo, fui para Alemanha com 20 anos, voltei para o Brasil com 26 e fui para Porto Nacional-TO, já casado com a Edith, e nessa época já com o nosso filho Davi, nós moramos em porto nacional 10 anos .
Aprendi  muita coisa, entre elas, admirar a cultura popular, riquezas reconhecer cultura popular e perceber  que é  uma grande importância vital pra construção da cidadania, que tem sido  uma preocupação de alguns anos ...
Então depois de 10 anos em porto Nacional, em 1986 nós viemos para Goiânia, com  a intenção de  trabalhar na área da comunicação, e vendo a comunicação como uma coisa ampla, a arte exclusiva dentro deste  aspecto da forma de comunicar, como cultura popular, artesanato ,tudo isso, repetindo como forma de comunicação, forma importantíssima de grupo... concorda... 

MARCOS MARROM- A maioria dos bonequeiros brasileiros, são autodidata, o aprendizado é feito com o outro, parece que você é  formado, se não me engano?

Sim.. Sou formado no design de produtos  e design de comunicação. Acho que as duas contribuíram muito pra ...Estimular o que eu faço hoje, no design de produto a gente acaba discutindo mais a questão dos matérias. Trabalhei com gesso, trabalhei com argila, fazendo molde para produtos, trazendo fôrmas, então aprendi um pouco da técnica, forma de gesso, mecanismo, noção de física de mecânica, e essa coisas toda acho que contribuiu muito.
E o design de comunicação é o que fala muito hoje no universo ... Hoje todo processo de trabalho varia. Então, qual é a finidade do boneco? O que você pretende fazer com ele?
Mas nesse aqui em especial (bonecos do espetáculo plural feito de crochê)  são umas experiência que estamos fazendo para um trabalho do grupo de Teatro Nu Escuro-GO, e ainda nós não chegamos em uma definição de que tipos de bonecos

que vão ser, estamos fazendo uma serie de experimento, para chegar no produto final.
Uma coisa certa, eles deve ter uma pele de crochê de tricô, por isso deve ter uma base que sustente. Então a ideia é que eles tenha um movimento de boca, movimentos dos olhos, mas estou experimentando,  que possa ser manipulado através de um pegador,  é tudo isso, estou seguindo um pouco o processo que foi trazido aqui, por um artista lá do Sul que se chama Paulo Nazareno,  agora estou  adaptando  as funções.
Primeiro fui fazer a escultura na argila, até chegar a um processo que  neste caso, é uma senhora de idade,  que viveu na roça.
Transformar em boneco, primeiro eu fiz o molde em gesso. O molde em Gesso que até  poderia ser papietado por cima da argila, frequentemente faz isso na mascara,  quando não exige o detalhe. Quando a gente quer que o detalhe apareça melhor, então a gente faz o molde de gesso e papieta no gesso, e daí as linhas externas vão ficar bem lineadas, foi nesta segunda opção que trabalhamos.
A outra  experiência é trabalhar com tecidos e com fixador, trabalhamos o tecido na fôrma, então estas experiência trabalhadas eu vejo muito ligado a minha formação... Mas principalmente na comunicação.
Dentro da comunicação a gente tem uma serie infinita de linguagens, dentro da linguagem visual, a gente tem uma porção de possibilidade de colocar, é no caso do material impresso, por exemplo; a gente trabalha no plano, a gente explora muito contraste de cor, contraste  do plano a disposição  etc .

M.M- poxa ...

É... Eu acho interessante quando a gente passa isso para o tridimensional,  a gente tem uma influência por exemplo  maior da sombra,  das luzes das cores, a luz interfere muito nas cores... Dependendo um tipo de iluminação, a gente tem uma leitura da cor e das sombras.
E no teatro de bonecos a gente tem esta possibilidade de explorar as luzes e as sombras, mudando as características  através da aplicação da cor.  
Exemplo  quando não se trabalha  com luz direta, outro exemplo o espetáculo na rua e sem condição de iluminação, a gente tem que explorar a questão da postura  das aplicações das cores do próprio boneco.
Acho muito bacana, essas coisas das luzes e  das sombras...

Então eu acho que... De toda a minha  experiência, da minha formação profissional, do exercício da profissão, eu acho que tá muito interligado, eu procuro sempre falar muito aos meus alunos, a gente tem que fazer... Tem que fazer mesmo!  Quando eu trabalho na área gráfica, com bidimensional frequentemente eu faço o modelo antes, fotografo  e depois transformo, é gostar de fazer, só isso... É fazer.. Experimentar, e tirando sempre aprendizado dos erros,  dos acertos, a outra coisa é o trabalho coletivo, essa coisa eu acompanhei na oficina do Nazareno, a Isabela fez oficina, trouxe  experiências novas, o Marcos Marrom também com a experiência com o curso que ele fez na Argentina, e  com estas vivências que vamos armando, trazendo bagagem.

MARCOS MARROM- Marcão, essa é uma aula... Aqui em Goiânia parece que temos muitas dificuldades de trabalhar com teatro de bonecos, não é? ou é a minha impressão ...

Olha! A dificuldade é a falta de experiência, acho que a gente tem que fazer,fazer, fazer porque as coisas estão aí, cada boneco ele apresenta uma dificuldade, e tudo é um grau de dificuldade própria do boneco, o que a gente  colocar no boneco, o público possa  identificar fácil .O boneco é um personagem, não é  gente, ao nascer ele  já existe ...
Não sou manipulador, mais tenho vontade de ser, a gente sempre imagina os gestos, a função do boneco, fico curioso muito pelas  dificuldades, e como isso vai funcionar em cena, principalmente os movimentos. Mas quem sabe, eu manipulo um dia, por enquanto vou estudando para construir.

MARCOS MARROM- Agradeço Lotufo pela paciência, espero que possamos ver breve e tenha boas construções... 

LOTUFO- Agradeço, e até a próxima MARRÃO!  

 



para mais informação  https://www.facebook.com/malotufo?fref=ts









[i] Grande escultor paulista no link abaixo , pode conhecer mais sobre os seus trabalhos
https://books.google.com.br/books?id=QX-C8WlvzpsC&pg=PA255&lpg=PA255&dq=Caetano+Fraccaroli+artista&source=bl&ots=w3YcMXGUot&sig=u7hVKWULmeSf7LcG3vgdTIM2vE8&hl=pt-BR&sa=X&ved=0ahUKEwi3loHxy5LSAhWBH5AKHd1zA0MQ6AEISTAL#v=onepage&q=Caetano%20Fraccaroli%20artista&f=false

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